domingo, 15 de novembro de 2009

Piaget

"Jean Piaget nasceu a 9 de Agosto de 1896 na cidade de Neuchâtel, na Suíça. Estudou Ciências Naturais na Universidade de Neuchâtel. Frequentou a Universidade de Zurique onde contatou com a psicanálise. Trocou a Suíça pela França onde realizou os seus primeiros estudos experimentais de psicologia do desenvolvimento. Em 1923 casou com Valentine Châtenay. Deste casamento teve três filhas: Jacqueline, Lucienne e Laurent, cujo desenvolvimento intelectual foi meticulosamente estudado por Piaget.
Piaget revolucionou as concepções de inteligência e de desenvolvimento cognitivo partindo de pesquisas baseadas na observação e em entrevisrtas que realizou com crianças. Interessou-se fundamentalmente pelas relações que se estabelecem entre o sujeito que conhece e o mundo que tenta conhecer. É considerado epistemólogo genético por investigar a natureza e a gênese do conhecimento nos seus processos de desenvolvimento.
Na década de 50, funda o Centro Internacional de Epistemologia Genética da Faculdade de Ciências da Universidade de Genebra, de onde saíram importantes obras sobre Psicologia Cognitiva.
Desenvolveu estudos sobre os próprios processos metodológicos, o método clínico e a observação naturalista. Estes métodos correspondem a importantes avanços na investigação em Psicologia.
Como epistemólogo, procurou determinar cientificamente o processo de construção do conhecimento. Nos últimos anos da sua vida centrou os seus estudos no pensamento lógico-matemático.
Piaget não propõe um método de ensino, mas apresenta uma teoria do desenvolvimento cognitivo cujos resultados são utilizados por psicólogos e pedagogos. Tornou-se conhecido como o mais destacado especialista cognitivo em Psicologia, destacando-se o carácter interdisciplinar e criativo que orientou as suas investigações."
(CAPÍTULO 2.2 DA TESE APRENDIZAGEM AMOROSA NA INTERFACE ESCOLA – PROJETO DE APRENDIZAGEM – TECNOLOGIAS DIGITAIS, por Luciane M. Corte Real no PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO DA UFRGS – PGIE/UFRGS, 2007.)
Assim como Comênio, Piaget configura-se como um ponto de referência para a Pedagogia. Através de seus estudos, sabemos hoje a importência do outro para o nosso desenvolvimento.
Piaget pontua que nosso desenvolvimento cognitivo anda de mãos dadas com o afetivo, por isso, o outro é uma figura indispensável para nossa aprendizagem. Os dois caminham juntos, e dão suporte para que o sujeito aos poucos, vá se desenvolvendo e modificando a sua visão de mundo. O egocentrismo, presente no início da vida das crianças, deverá dar lugar a uma descentralização, ou seja, o indivíduo começa a interagir com o mundo de forma a compreender o que se passa ao seu redor, distinguindo-as do seu próprio “eu”, tendo assim, capacidade de reversibilidade. A partir do momento em que a criança consegue voltar a sua afetividade ao outro, reconhecendo este outro como um “não-eu” a descentralização vai configurando-se e a autonomia solidificando-se. Na interação com o outro, ela vai descobrindo novas formas de ver o mundo e estruturar as suas próprias “regras” de vida, pois vai criando a capacidade de colocar-se no lugar do outro, podendo ver com mais clareza que as suas atitudes interferem na vida do próximo, e em intercâmbio com esse próximo, a aprendizagem acontece, visto que a sua maneira de pensar vai transformando-se cada vez mais através de suas experiências.
A afetividade entra neste processo de forma muito forte, já que estamos falando da interação com o outro, com o que está fora de mim.
O professor Eliseo lança no fórum a questão sobre a existência de uma afetividade no mundo ead. Creio que as colegas salientaram bem que não é porque estamos a distância, que não criamos vínculos com professores e colegas, já que utilizamos os mais diversos meios para manter contato e também as aulas presenciais fortalecem este vínculo. Porém, as colegas também colocaram a idéia de que a impessoalidade através do computador pode fazer com que estas relações não sejam tão profundas, pois não temos a expressão, o toque, a voz daquela pessoa próxima de nós, o que poderia estreitar ainda mais os laços afetivos. Tendo em vista que somos “crescidinhas” e que dispomos de outros meios para relacionarmos mais fortemente com as pessoas, não penso que a modalidade ead acabe por prejudicar essa afetividade, mas penso que nos dias de hoje, essa nova geração que está sendo criada em frente ao computador possa ter defasagem neste área. Não é muito raro encontrar pré- adolescentes relatando que prefere ficar em frente ao computador através do MSN ou orkut, do que pessoalmente com os amigos. Esta impessoalidade desde cedo acaba fazendo com que estes pontos comentados acima possam fazer falta para a construção psíquica mais sólida (voz, o toque, a expressão, etc).
No meu ponto de vista as crianças de agora estão muito mais “frias” umas com as outras no contato pessoal. Não desmereço a tecnologia como forma de aproximação das pessoas, apenas acho que ela não deva prevalecer ao contato pessoal, a experiência “ao vivo” com o outro, e a geração atual não está “entendendo” isso. Creio que nós como professores tenhamos que desempenhar o papel de resgatar essa troca com o outro fisicamente para poder dar um suporte sólido e boas oportunidades de interação com o outro, para assim desenvolver-se cognitivamente e afetivamente de forma intensa.
Assim, apesar dos estudos deste mestre serem antigos, assim como Comênio, Piaget traz questões muito atuais a serem colocadas em prática no sentido de fazer com que o nosso aluno se desenvolva cada vez mais por inteiro, por completo, dentro das necessidades atuais, sem esquecer que sua base de formação da aprendizagem deve ser observada de acordo com as suas potencialidades, bem como ele nos coloca.

Um comentário:

Anice - Tutora PEAD disse...

Olá, Carina!

Gostei do gancho que fizeste, pois comentaste Piaget e a questão do afeto. Interessante também que trazes a discussão ocorrida no fórum e teu posicionamento a respeito. É exatamente este o propósito do portfólio: unir a teoria com a prática ou a teoria com algum posicionamento teu.

Grande abraço, Anice.